domingo, 31 de março de 2013

Meu segredo


Tenho andado um tanto inquieta, um desassossego me consome... Com gestos impessados corro a mão pelos cabelos... A outra levo ao bolso, na ponta dos dedos um segredo que guardo... Escondidinho... São tantas coisas que não posso lhe dizer agora... Mas estão guardadas aqui...Na costura interna do bolso... Pensamentos voam... Sobra tanto espaço aqui dentro, sem você não passo de um minuto lento. Minh´alma lentamente se veste de paixão e descontentamento... Quão longe posso chegar sem o seu amor...? Que crime hediondo cometi! Essa paixão desavisada que me corrompe... Tento escapar, esvaziar os meus bolsos... Espalhar pelo chão todo esse sentir. Deixar que o vento leve toda utopia, todas as palavras que teimam em sair, todo segredo que guardo... E que insiste em se revelar...

Todos os Direitos Reservados 2013 Copyright © Rose Sousa

segunda-feira, 4 de março de 2013

Em silêncio...


Eu gosto dos seus gestos
Gestos que se declaram
Olhares que se entendem
No silêncio de um toque

Eu gosto do seu abandono
Quando deitas no meu colo
Desse céu que me mostras
Através dos seus olhos...

Eu gosto desse canto
Do canto da sua boca
Do sorriso dos seus olhos...

Eu gosto dos segredos dos seus lábios
Dessa vírgula que sulca sua face
Quando me olha e sorri pra mim...

Todos os Direitos Reservados 2013 Copyright © Rose Sousa

sábado, 2 de março de 2013

Conversando com a saudade

A saudade bateu em minha porta.
Se eu soubesse que era ela nem teria aberto.
Perguntei o que ela queria, ali logo cedo. Ela olhou-me e 
disse: “Vim fazer uma visita”.
Eu sem saber o que dizer, apenas lhe pedi que então 
entrasse, mas que não ficasse muito à vontade.
Ela perguntou se poderia sentar-se, foi logo puxando uma 
cadeira e pedindo uma xícara de café. Acenei com um sim.
Olhei para ela ali paradinha, querendo a minha companhia 
e então sentei-me ao seu lado.
Ficamos as duas ali sentadas, quietinhas e juntas tomamos 
café... bem quente, bem forte e bem amargo.
Até que quebrei o silêncio que se estabelecera entre nós e indaguei:
“Por que, assim como esse café, você pra mim tem um gosto amargo às vezes?”
Ela calmamente respondeu: “ Já fui doce quando era 
presença, depois me tornei amarga quando era só ausência.
Agora não sou doce nem amarga. Mexa o seu café, tem um 
pouco de açúcar no fundo. sou apenas saudade".


Lis Fernandes